terça-feira, 20 de novembro de 2018

2600 anos depois.

Há décadas que o "Arte da Guerra" é o meu "livro" de cabeceira. E por uma quantidade de razões, das quais destaco duas. Por um lado, ajudou-me a evitar uma apreciável quantidade de "armadilhas" (as que consegui evitar!) que o sempre simpático ser humano, nos estende a cada passo do caminho. Por outro, foi com Sun-Tzu que aprendi o verdadeiro significado da palavra "deception", erradamente traduzida para português como engano (sendo mais correcto, por exemplo, logro ou até mesmo artimanha que, apesar de tudo, têm significados diversos). É, aliás, o grande pilar da seu "manual". "All warfare is based on deception" - Todos os assuntos relacionados com a guerra são baseados na artimanha. Se considerarmos que o mero facto de viver é uma "guerra", depressa concluímos que a coisa vai muito além do âmbito castrense. E, por isso mesmo, é de muita utilidade para o dia-a-dia de qualquer um de nós. Imagino já o franzir de sobrolhos que vai desse lado!...Este gajo quer o quê?  Vamos então a isso. Uma notícia de há dias, fez-me retornar ao texto em causa. E a outros, claro. A balsemânica figura lançou, por aí, um grupo de reflexão (chamemos-lhe assim) a que chamou Encontros de Cascais. Sendo quem é, e tendo integrado ajuntamentos pouco recomendáveis, durante décadas, será natural que, quem tem o mau hábito de ir mantendo um olho no burro e outro no cigano, levante as orelhas. Porquê ele e porquê agora? O que é que ainda sobra por cá, que valha a pena o esforço? Por outro lado, sabe-se que foi defenestrado e substituído por durão barroso. E não é necessário ser-se génio para se perceber porquê. Basta com pensar-se na agenda de contactos de um e do outro. E essa coisa não é conhecida por ser composta por "gajos porreiros" que aviam umas postas de pescada à volta de uma mesa. Não é para os "fainthearted", diriam os bifes. Se não, reparem. E darei apenas dois ou três exemplos (amplamente comprovados, pela simples razão de que não têm outra explicação) que ilustram bem o músculo que metem em todos os cometimentos. Anos 70: o chamado "choque petrolífero". Duas realidades coincidem no tempo. A ânsia americana de aumentar substancialmente as suas reservas petrolíferas e o desejo da Arábia Saudita de começar a sair das trevas medievais, especialmente em matéria militar, dado que, à época, tinham umas dúzias de espingardas e 2 aviões do tempo do Barão Vermelho. Olha que bonita conjunção astral! Planeada a coisa e após o visto bom de Nixon, é proposto uma acordo inegociável ao rei Faisal. Primeiro reduzes a produção até ao mínimo para que, para além de provocar uma subida dos preços, gere o pânico entre os terráqueos. Quem viveu essa época sabe bem do que falo. Depois, toma lá o armamento e dá cá o petróleo. Para princípio de conversa, 10 anos de reservas a custo zero (ainda hoje mantêm essa capacidade) seguida da entrada das empresas americanas no país. Um belo negócio, não acham? Anos 80: Aqui o assunto é mais elaborado. Objectivo, ir buscar as empresas públicas italianas. Todas elas de dimensão muitíssimo apreciável. Fazê-lo directamente e à vista de todos? Nem pensar. Vai daí, entra em cena o sr Soros e todos os seus muchachos, vendendo a descoberto comboios de liras para fazer baixar artificialmente o valor da moeda e estoirar com o Sistema Monetário Europeu que servia exactamente para manter a estabilidade das cotações. De caminho olhou também para Inglaterra e mandou uma valente nalgada na libra. Foi a morte daquele sistema. Dizem as más-línguas que terá embolsado 15000 milhões de dólares. Contrapartes italianas, o úbiquo Andreotti e, numa segunda fase, Craxi. Lembram-se da operação "Mãos Limpas", que  era suposto entalar toda a classe política italiana? Pois é. Esse foi o engodo que distraiu a populaça (via imprensa) durante anos, enquanto o verdadeiro objectivo ia sendo concretizado. Sun-Tzu em toda a sua glória. Uma escaramuça "aqui", distrair a soldadesca, e fazer acontecer o importante "ali". No entrementes todo o sector público industrial italiano passou para mãos privadas, o juíz que liderava aquele processo foi aviado à bomba (o juíz Falcone), Andreotti, porque jogava nos dois tabuleiros (era simultâneamente réu e integrante do menos conhecido "Conselho dos Doze" - que é quem efectivamente "dá as cartas"), e Craxi empurrado para a Tunísia onde morreu, vagamente teso. Resultado final, o governo italiano teve de "inventar" 100.000 milhões de dólares para reequilibrar a moeda e que ainda estão a ser pagos por...adivinhem por quem? Houve outros detalhes "curiosos" nesta operação. Um deles até envolve a rainha de Inglaterra que terá emprestado o Britannia, a bordo do qual foi gizado todo o assunto, a umas quantas milhas náuticas de Civitavecchia. Anos 90: o muito afamado salto da indústria agro-alimentar. O cartel do trigo de um lado (Continental Grain, Bunge, entre outras cujos nomes não recordo e que constituíam as Cinco Irmãs que, até há pouco nunca estiveram cotadas em bolsa porque não queriam estranhos a fazer perguntas atrevidas), e do outro, o dos pesticidas e dos ogm, Monsanto e quejandas. As sementes genéticamente modificadas, por si só, não têm nenhum inconveniente. Os problemas a nível de saúde são iguais aos provocados por toda a porcaria que hoje nos enfiam pela goela abaixo. São apenas preparadas para não poderem ser reutilizadas para a safra seguinte. Têm de comprá-las todos os anos, está bom de ver. Estoiraram com as plantações da América do Sul, do Médio Oriente, do Cáucaso e de África. Puseram meio mundo a passar fome, ficaram com as terras, porque os desgraçados não tinham condições de pagar as sementes, e encheram-nas com com os transgénicos. São milhares de milhões de hectares. Talvez assim fique clara a razão de tanta migração, actualmente. Claro que, pelo meio disto tudo, escorreu dinheiro aos borbotões, saído dos cofres do Banco Mundial, do Fed (nunca esqueçam que é uma entidade privada) e até do FMI. Ou pensavam que era o dinheiro deles a girar? Pensem outra vez. Paralelamente criaram uma espécie de Khmers verdes (Greenpeace) e outras miúdezas que surgiram à sombra desta. Mal parecia fazerem todas estas malfeitorias sem qualquer tipo de "contestação" (mais Sun-Tzu). Últimamente (já este ano), fecharam o círculo. A Bayer comprou a Monsanto. Industria farmacêutica+indústria de pesticidas. Será necessário fazer um boneco?
Volto ao início. O que quer a balsemânica figura desta sobra de país? 
Nunca ninguém disse que viver é fácil. E mais difícil se torna se nunca tiverem lido Sun-Tzu.
2600 anos depois, continua insuperável.

domingo, 11 de novembro de 2018

Domingo et al.


Escusado será dizer que hoje evitei qualquer contacto com a imprensa cá do sítio. Preciso de uma limpeza interior. Em contrapartida, fui direitinho à jornalada gaulêsa. Má decisão. Deu-me logo direito a um acosso de erisipela. A propósito do disparate macroniano de homenagear (e depois deixar de homenagear) Pétain, os escrevinhadores dedicam-se ao entre-insultos, com os "comentaristas de artigalhadas" à mistura, como não podia deixar de ser.
DeGaulle e Mitterrand também o reabilitaram e homenagearam, berram uns; que não senhor, respondem outros, várias oitavas acima do desejável. Um pagode completo. Vai daí, lembrei-me de um número do "Le Crapouillot", revista que surge no pós-primeira guerra (e que defunta pelos anos 90) que, durante décadas, se entreteve a escrutinar a "vidinha" da classe política, das maçonarias, dos serviços secretos, numa palavra, de tudo o que mexia. E como incomodava. Esse exemplar acima retratado, trata da "saúde" a esse ser repelente que acudia ao nome de Mitterrand. Um dos meus ódios europeus, de estimação. Uma figurinha que traiu tudo e todos com quem se cruzou. Fosse na vida política, fosse em qualquer outra vida. A admiração que nutria por Pétain, levou-o Vichy onde encontrou, como emprego, ser documentalista da Legião dos Combatentes e dos Voluntários da Revolução Nacional, uma espécie de partido único que se encarregava da propaganda "pétainista". Alegre colaborador da "France-Revue de L'État Nouveau", a vida corria-lhe de feição. Aliás, depois da sua morte e aquando da abertura dos seus arquivos, foi encontrada uma carta onde tecia rasgados elogios ao SOL (Service d'Ordre Légionnaire), um grupo paramilitar que foi criado, exclusivamente, para perseguir os inimigos do regime. Depois achou que, pelos elevados serviços prestados à causa, estava na hora de ser condecorado. E solicitou a "Francisque", agraciamento "Vichyiano" que era entregue a pedido e após preenchimento de formulário próprio e contendo declarações a preceito (ver no início). Já estava em Londres, sentado ao colo de DeGaulle (depois de ter traído Pétain) quando lhe foi deferida a solicitação. E não consta que a tenha, alguma vez, declinado. A única ocasião em que aceitou falar deste período, foi para uma revista onde debitou, (sem sequer esboçar um sorriso) que desconhecia em absoluto o que estava a acontecer aos judeus por toda a França. Escusado será dizer que esse cometimento lhe valeu todo o tipo de insultos durante meio ano. Tudo isto, revelado e comprovado, por uma revista que era tida como uma espécie de némesis da direita política. Imagine-se o que não se diria, desse-se o caso de pertencer ao outro lado do espectro. Se houve alguém que poderia (e deveria) ter reabilitado o herói de Verdun, foi aquele merdas, que a esquerda (e alguma direita) ditas correctas, acarinham, como se tivesse sido flor que se cheirasse.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Fraseado solto.

Será muito saudável que a incompreensível (pelo menos para mim) "esquerda" planetária que foi acampando pela paisagem nos últimos anos, com o bornal a abarrotar de "conceitos" tão distantes do pulsar do ser humano como a terra está do centro da galáxia, se vá adaptando à idéia de que o seu existir caminha inexoravelmente para o fim. Nenhum ser, por vagamente pensante que seja, consegue aguentar por muito mais tempo este trilho cavado por cripto-humanóides plastificados, a soldo, e que ninguém entende. Não é um progresso. É uma tentativa de imposição de uma forma distorcida de animalidade (uma espécie de anestesia estupidificante) que até a etologia de Lorenz e von Frisch teria dificuldade em explicar.
O Brasil foi apenas o último exemplo. Que, e por aqui me ficarei, já elegeu o presidente. Para enorme desespero de "esquerdistas", comentadores e analistas avulsos que saem de todos os buracos imagináveis, todos eles com a boa solução para o eterno problema da quadratura do círculo.
O que se passa por lá, fica por lá. É inútil dar-lhes mais importância do que aquela que, na realidade têm.
Interessa-me o quadro geral. E nele, o que vejo? Vejo todo um mundo a querer libertar-se das garras sufocantes de uma "esquerda" politicamente correcta, seja lá o que for que isso queira dizer. Farto de aplaudir banalidades existênciais promovidas até à náusea com o exclusivo intuito de esboroar uma vivência em comum, coisa já de si e sem outras colateralidades, nada fácil. Quase me faz ter saudades da velha esquerda musculada, mas franca no combate. Todo o mundo sabia ao que ia. Este fenómeno de rejeição óbvia começado nos Estados Unidos transportou-se, para já, para países tão insuspeitos como a Áustria, alguns nórdicos, o leste-europeu, a Itália e todos os que se seguirão, e não serão poucos. Por uma razão muito simples de apreender. O ser humano é ele próprio e a sua circunstância. Acontece que a circunstância está a cair em desgraça porque ninguém suporta circunstâncias criadas por terceiros, especialmente por aqueles a quem não foi pedida opinião. Os casos português e espanhol, são disso paradigmáticos. Acabaram a dar voz a quem, fôra a circunstância normal, estariam a procurar emprego, caso houvesse alguém disponível para o proporcionar. Quanto às "direitas", o melhor mesmo é nem sequer tentar percorrer essa estrada. O que aparece de "novo", carrega em si as caras de um passado recente que toda a gente quer esquecer, e já. Estão tão impregnados da sua própria empáfia que nem essa triste singeleza conseguem captar. O que há de velho, não passa disso mesmo. Já nada tem para trazer para cima do coreto. Entreteve-se apenas a envelhecer. Próprio de gerações a quem nada faltou. Eu incluído.
Onde estão os que vêm atrás de nós? Porque se o futuro que se apresenta a escrutínio é o que passa pelas jotinhas partidárias, estamos conversados.
Não haverá sequer futuro.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Parabéns tão públicos quanto possível.

10h30 da manhã, instalo-me com um dos livros de turno (o último Salman Rushdie, a resvalar bocejantemente para o medíocre) na esplanada das minhas leituras. Ainda vazia do horroroso turistame que se diverte a achar as vistas "beyond belief", enquanto lança guinchinhos tão incompreensíveis quanto incomodativos, para o éter. Pedido o café, mergulho de novo na história de Nero Golden. Não tinham passado 10 minutos e uma voz feminina aproxima-se da minha orelha e sussurra-me: cá está o senhor com uma das suas milhares de amantes! A voz soou-me familiar, confesso. Terei levado alguns segundos a virar os olhos para a origem daquela blasfémia. Visão que me fez rasgar um sorriso como há muito não acontecia. Era a P., uma simpaticíssima brasileira que trabalhou naquele lugar e que deixei de ver de há uma boa dezena de anos a esta parte. Fazia-se acompanhar pelo marido, cidadão francês de boa cêpa e catedrático no Instituto de Estudos Políticos de Estrasburgo. Convidados a juntarem-se-me, abriu hostilidades com uma frase que me soou a quase-acusação: finalmente, quis o destino que conhecesse o homem de quem a P. tanto falava e fala, desde que a conheço! Lancei um olhar meio confuso, sem alvo definido. As sonoras gargalhadas que soltaram, cruzavam-se com o meu sorriso, a pender desconfortavelmente para o amarelo. Aí entra a P. que, num repente, me remove da minha miséria e me esclarece. De tal forma o fez que conseguiu comover-me. A história conta-se em duas palavras. Há uma boa dúzia de anos, deu-me para reler a biografia de Salazar pela pena de Franco Nogueira. Claro que algumas daquelas gloriosas manhãs de leitura foram passadas naquela esplanada. Já lhe tinha percebido a curiosidade. Um belo dia, passada a vergonha, arrisca a abordagem. Gostava de conhecer a vida e a obra desse homem de quem tanto ouvi falar no Brasil, e de quem continuo a ouvir falar...
Pressenti o que se iria seguir!
Para mim, emprestar livros é assim como alguém propor-se arrancar-me as unhas sem anestesia. Mas aquele sorriso desarmou-me. E resolvi arriscar, também. Ao longo de um período de 4 ou 5 meses, fui-lhe passando os seis volumes. Nunca falhou uma devolução. Quando me entrega o último tomo, tem um desabafo que nunca mais esqueci. Tomara o Brasil ter tido, ao longo da sua história, um homem como este. Eu não estaria aqui e o meu país não estaria onde está. Para mim, ficou feita a resenha de um período político em Portugal. Em busca de melhor vida, as curvas da estrada levaram-na a Estrasburgo. Dois anos depois tenta uma primeira vez entrar no Instituto referido acima, coisa que, reconhecidamente, não é fácil. Nem mesmo para nativos. Entrou à segunda tentativa. O terceiro ano do curso foi feito em Georgetown (onde aturou umas aulas ministradas por Durão Barroso) a expensas da própria universidade. Mais dois anos e obteve o Master em Sciences Po. Resultado: foi onde conheceu o marido (seu professor) e onde prepara uma tese de doutoramento sobre...adivinhem. Já estou a salivar pela leitura. Conta defendê-la em 2020. 
Percebem agora o meu comover-me? Um pequeno risco da minha parte que desencadeou um caminhar glorioso para alguém. 
Momentos que valem por uma vida. Há sempre uma luz no meio da escuridão geral.

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

As pústulas purulentas.

Parece que decorre a esta hora, em várias tv's (dizem-me) e, seguramente, dentro das redacções da jornalada (perante dúzias de "profissionais" a espumar pela boca), o sorteio de um juíz de instrução para dar continuidade ao processo que envolve o energúmeno que pastoreou este lugar esquecível. 
Assim, a modos de sorteio de jogo social. 
O defeito é seguramente meu. 
Mas tendo a achar que a miséria moral que campeia por aí, ainda não conheceu o limite. Nem vai conhecer.
O espírito de choldra que se agarrou à repelente pele desta gentinha, começa a revestir a forma de insulto a qualquer bípede. Votante ou não. Quando julgamos que o fundo está atingido (estou a lembrar-me da intervenção do presidente desta triste república, ontem, a propósito de Cavaco), somos surpreendidos por um novo alçapão. Espreita-se, e os miasmas (multiplicados até ao infinito) olham-nos com o desdém que lhes compete.
Já nem nojo sobra. 
Apenas vergonha de carregar no bolso uma identificação emitida por este verdadeiro aterro sanitário.
Quanto à justiça, estamos, também, a ficar completamente conversados. Apenas se pode queixar de si própria. Tudo aquilo que, eventualmente, vier a alegar em sua defesa, apenas suscitará gargalhada. E pena.
Muita pena.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

A memória, essa puta!

Tancos, Tancos, Tancos.
Nunca a simpática localidade imaginou voltar a ter tanto protagonismo, agora neste miserável portugalzinho. Porque quando ainda integrava um País que se chamava Portugal, já tinha sido colocada no mapa, por via de umas diatribes perpetradas pelo matusalémico Mortágua, pelo defuntado Palma Inácio, pela Isabel do Carmo e pelo Carlos Antunes, quando resolveram que uns quantos aviões deveriam ir pelos ares sem sair do chão. Mas isso, terá sido esquecido numa qualquer gaveta, de um qualquer "psychê" perdido nas catacumbas do ministério da defesa. A coisa a que chamam democracia, tudo branqueia. Até meras existências.
Regressa à ribalta, por via de uma aldrabada avulsa (mais uma), trazida a terreiro por um verdadeiro anacronismo erecuctado pelos entrefolhos do conselho da revolução, como não! A polícia judiciária militar. 
Como se já não bastasse um organismo tendencialmente incompetente, a PJ (que só sabe funcionar a partir de denúncias anónimas, tão ao gosto do tuga ranhoso, e de extorsão de confissões. Prevenção é um conceito que sempre lhes foi estranho), os militares ainda lhe juntaram outro. 
Mas havia coisas que já vinham de trás e que era mister protejer "à outrance", caso do Fundo de Defesa Militar do Ultramar, lançado por Marcello Caetano, com o objectivo de atirar com dinheiro para cima de intendências militares que, manifestamente, não sabia como resolver e cujo resultado foi o que se viu, no vinte e cinco barra quatro. De caminho foi deixando vítimas, quer directas, quer colaterais, respectivamente Amaro da Costa e Sá Carneiro. Por esta ordem. Recordo ainda uma outra diatribe que envolveu o entretanto extinto ADME (Assistência na Doença dos Militares do Exército), de onde foram desaparecendo, paulatinamente, centenas de milhares de euros, que se dirigiram, à velocidade da luz, aos fundos bolsos de uns quantos militares delinquentes que, pelo facto de envergarem um uniforme, se julgam saídos da coxa de Vénus. Esta foi mais uma brincadeira que passou pelas mãos da redundante polícia a quem foram entregues as denúncias escritas e as gravações com câmaras ocultas mas que, de quentes que eram, foram repassadas ao generalato de então que mandou arquivar, não sem antes despedir uma quantidade apreciável de patentes intermédias. E tudo isto se passa não há tanto tempo assim, talvez uma dúzia de anos. É pois de bom tom, não perder de vista estas memórias. 
Duas conclusões: 1) Não vale a pena perder muito tempo com esta historieta do desaparecimento/reaparecimento das armas. Nem se torna necessário agregar-lhe mais uma inutilidade funcional ao estilo de uma CPI. Basta com apurar qual seria o objectivo final e, 2) Tendo em vista o total colapso do edifício hierárquico militar, todos eles, do tarata ao comandante-chefe, passando pelo moço que está ministro e pelo indiano na diáspora, têm óbvias conclusões a retirar.
Se o não fizerem tornam-se todos, definitivamente, farinha do mesmo saco. 

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

(O)nanismos.

A foto que ponho ao dispor de vexas, foi-me feita chegar ontem, por amigo velho, ex-político há muito desiludido com o pulsar cripto-democrático que se vai vivendo neste lugar mal frequentado. E sabe que aprecio especialmente este tipo de tesourinho inútil. Foi convenientemente "cropada" (a foto, não o amigo) dado que as figuras sobrantes não interessam nada para o caso. Nem sei quem são.
Deduzo que, à época já devia ser gajo importante, lá, no aconchego do sofá (piroso) partidário. Governamental, quiçá.
Alguém me consegue explicar como se leva um gajo destes a sério? Tacão alto, pé-de-gesso, calcita saída directamente da Rua dos Fanqueiros (aquela que tinha os manequins mais pequenos e de cujo nome me esqueço) e fico por aqui porque acabaria a dizer que a gravata é igual a algumas que já tinha visto à venda na feira de Carcavelos.
No caso particular dos tacões, continua em cima deles, agora colocados por dentro (a la Sarkozy). Os sapateiros também evoluiram, que diabo!
Não sei quantas décadas terá a chapa.
Sei apenas que continuam a achá-lo imprescindível. 
Coisa que diz mais do país em si, do que do rapazinho, ele próprio.