quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Pois...

Um belo dia - provavelmente smoggy! - um cavalheiro britânico, sentou-se num cadeirão, sacudiu a cinza do charuto para cima do colete, olhou a atenta, veneradora e obrigada assistência e disparou à queima-roupa:
"Socialism is a philosophy of failure, the creed of ignorance and the gospel of envy..." .
Sorriu, saboreou o que acabara de dizer e acrescentou: "...it's inherent virtue is the equal sharing of misery."

Isto passa-se algures, pela primeira metade dos anos 40, do já distante séc. XX.

Naquele então, por cá, alguém, que também se sentava em cadeirões, que não fumava e que tinha igualmente o mau hábito de usar a cabeça, afirmava convictamente o que segue:
"O pior é pensar-se que se pode realizar qualquer política social com qualquer política económica; que se pode erguer qualquer política económica com qualquer política financeira."

O que há de comum entre estas duas afirmações, para além de uma aguda percepção da realidade?

Nada, porque o mais certo seria não pretenderem dar "lições" para o futuro. Preocupava-os, acima de tudo, o então presente! Tudo, porque todos nós, os que se lhes seguiram, fomos incapazes de reinterpretar ambas as asserções.
Ou será o inverso?

Seja como for, o facto é que a humanidade dobrou o século a bater nas mesmas teclas do piano político. Mais de cinquenta anos depois de terem sido lançados os "avisos à navegação"!...

Com uma agravante. Prescindiu da sua soberania. Caminhou, deliberada e criminosamente, para o seu próprio desastre. Construiu, com a diligência de um sibarita, a impotência que a tolhe, de todas as formas.
Sim, porque o nosso problema, é "apenas" esse! A impotência em todo o seu esplendor.
A mais excruciante sensação que um ser humano pode experimentar.

E só há um caminho para a reconquistar. Apenas um.
Mas essa, será uma conversa com uma sonoridade bem mais metálica.

Imagino Winston e António em amena cavaqueira, numa qualquer dobra de um lugar sem tempo, degustando um Porto vintage e soltando com a magnânimidade adequada, o epíteto que todos nós lhes merecemos:

À nossa e puta que os pariu...