domingo, 11 de novembro de 2018

Domingo et al.


Escusado será dizer que hoje evitei qualquer contacto com a imprensa cá do sítio. Preciso de uma limpeza interior. Em contrapartida, fui direitinho à jornalada gaulêsa. Má decisão. Deu-me logo direito a um acosso de erisipela. A propósito do disparate macroniano de homenagear (e depois deixar de homenagear) Pétain, os escrevinhadores dedicam-se ao entre-insultos, com os "comentaristas de artigalhadas" à mistura, como não podia deixar de ser.
DeGaulle e Mitterrand também o reabilitaram e homenagearam, berram uns; que não senhor, respondem outros, várias oitavas acima do desejável. Um pagode completo. Vai daí, lembrei-me de um número do "Le Crapouillot", revista que surge no pós-primeira guerra (e que defunta pelos anos 90) que, durante décadas, se entreteve a escrutinar a "vidinha" da classe política, das maçonarias, dos serviços secretos, numa palavra, de tudo o que mexia. E como incomodava. Esse exemplar acima retratado, trata da "saúde" a esse ser repelente que acudia ao nome de Mitterrand. Um dos meus ódios europeus, de estimação. Uma figurinha que traiu tudo e todos com quem se cruzou. Fosse na vida política, fosse em qualquer outra vida. A admiração que nutria por Pétain, levou-o Vichy onde encontrou, como emprego, ser documentalista da Legião dos Combatentes e dos Voluntários da Revolução Nacional, uma espécie de partido único que se encarregava da propaganda "pétainista". Alegre colaborador da "France-Revue de L'État Nouveau", a vida corria-lhe de feição. Aliás, depois da sua morte e aquando da abertura dos seus arquivos, foi encontrada uma carta onde tecia rasgados elogios ao SOL (Service d'Ordre Légionnaire), um grupo paramilitar que foi criado, exclusivamente, para perseguir os inimigos do regime. Depois achou que, pelos elevados serviços prestados à causa, estava na hora de ser condecorado. E solicitou a "Francisque", agraciamento "Vichyiano" que era entregue a pedido e após preenchimento de formulário próprio e contendo declarações a preceito (ver no início). Já estava em Londres, sentado ao colo de DeGaulle (depois de ter traído Pétain) quando lhe foi deferida a solicitação. E não consta que a tenha, alguma vez, declinado. A única ocasião em que aceitou falar deste período, foi para uma revista onde debitou, (sem sequer esboçar um sorriso) que desconhecia em absoluto o que estava a acontecer aos judeus por toda a França. Escusado será dizer que esse cometimento lhe valeu todo o tipo de insultos durante meio ano. Tudo isto, revelado e comprovado, por uma revista que era tida como uma espécie de némesis da direita política. Imagine-se o que não se diria, desse-se o caso de pertencer ao outro lado do espectro. Se houve alguém que poderia (e deveria) ter reabilitado o herói de Verdun, foi aquele merdas, que a esquerda (e alguma direita) ditas correctas, acarinham, como se tivesse sido flor que se cheirasse.