quinta-feira, 14 de maio de 2009

A "enésima" crucificação de Cristo...

Esta visita de Ratzinger ao Médio Oriente causa-me verdadeiros engulhos. Pelo timing escolhido bem como pelo percurso que foi estabelecido.
Os spin-doctors do Vaticano têm o irritante hábito de, agitando frenéticamente a frente pastoral das deslocações, desviarem a atenção das pessoas do carácter eminentemente político que, na realidade lhes subjaz.
Jordânia, Israel e Cisjordânia. Óptimo. Foi esta a rota definida como poderia ter sido outra qualquer. Não é isso que me incomoda.
Incomoda-me muito mais, por exemplo, não ver incluída a Faixa de Gaza, onde muito recentemente mais de mil criaturas de Deus foram, pura e simplesmente, aniquiladas. É verdade que o foram porque têm a desdita de ter como "representantes" os "heróis" do Hamas que, para safarem a sua própria pele, os usam como escudos humanos, enquanto os seus líderes dão ordens a partir de paragens mais tranquilas no Líbano e na Síria. Típico de gente que exsuda coragem!!
Esta não-ida a Gaza releva apenas do políticamente correcto. Quando e aqui sim, deveria ser exclusivamente pastoral!
Uma palavra de conforto àquela gente, um apoio sem limites a Frei Manuel Mussallam, o padre católico que há mais tempo serve o cristianismo em Gaza, teria valido certamente muito mais, do que a doação de milhões de dólares que, como é hábito, vão acabar nos bolsos dos suspeitos do costume.
Mas não. Evita-se a todo o custo afrontar Israel. As razões são sobejamente conhecidas. Não vale a pena enumerá-las.
Deixo apenas uma pergunta.
Se Jesus Cristo andasse entre nós - e a avaliar apenas pelo que nos é transmitido pela Bíblia - acreditam que ele não tivesse uma palavra de verdadeiro conforto para com aquela gente?
Acreditam que iria ser tão políticamente correcto?