domingo, 17 de maio de 2009

A sala dos espelhos

São 9h da manhã e esta pérola teve o condão de me lançar os neurónios uns contra os outros! Os que ainda sobram...
Esta coisa que apareceu há semanas com o pomposo nome de análise de stress financeiro, cheira-me cada vez mais a engodo para enganar tontos!
Tem o ar de ser uma forma expedita e mal-amanhada de nos fazer crer que a economia não pode estar assim tão arruinada como parece! Se há coisa que me deixa possesso é que queiram fazer de mim parvo.
Vejamos apenas dois "pequenos" detalhes e sem grandes desenvolvimentos.
Desde há 6 meses que Washington se entretem a afogar o mercado debaixo de quantidades pornográficas de dinheiro. Como seria difícil ter esses montantes em cofres ou por debaixo das mesas, resta uma possibilidade. Pôr a rotativa a trabalhar !! A contrapartida para este consumo inusitado de "papel", é a emissão de títulos de dívida de longo prazo. O que já foi emitido é para pôr qualquer um, com os joelhos a bater um no outro...como vai ser pago?
É verdade que esta manobra deu a sensação aos "investidores" de que o problema estava a caminho da solução. Daí os ganhos de cerca de 20% em Wall Street, desde o início do ano.
O óbvio é que isto não pressupõe, por si só, uma recuperação da economia. Da mesma maneira que é igualmente óbvio que alguém está a querer ganhar tempo com isto!
Um segundo ponto que me irrita as meninges.
O mercado, mais tarde ou mais cedo, vai necessitar de novas injecções de dinheiro. Mais papel, mais títulos e mais "entalanços" futuros...até parece crescimento ! O pior é que isto, não só não o é, como apenas vai provocar inflação - e que inflação! - também no médio prazo.
A dívida externa americana - neste preciso momento - é já superior ao PIB de 2/3 do planeta.
A "riqueza" criada por estas "coisas inteligentes" é, para mim, equivalente àquela que é criada "em número de pessoas" numa sala cheia de espelhos !!
Declaração de interesses. Não sou economista. Tenho para mim que, tal como os diplomatas, só existem para tentar resolver os problemas que eles próprios criam.