sexta-feira, 5 de junho de 2009

A defunta Europa

Regra geral, em política, quando começam com este tipo de conversa é sinal - mais que evidente - de que estão a entrar em zona de forte turbulência.
E que, já nem os desvios à rota inicial os vai safar do desastre.
Mas isso é um problema exclusivo de Pinto de Sousa e de toda a horda de selvagens seguidistas, alapados ao poder.
O drama está em saber que tipo de horda se lhes segue.
Olha-se para um lado e para o outro e o cenário é, singelamente, de susto! Não se consegue entrever uma só criatura, capaz de ir um pouco além da vulgaridade política.
Também é um facto que a realidade europeia não ajuda. É exercício penoso tentar encontrar na história política da Europa um momento que, mesmo de longe, se possa equivaler ao actual.
Mitterrand, Kohl, Gonzalez, Thatcher e até Cavaco - porque não? - foram a última fornada de políticos passáveis, que a Europa conheceu. Nenhum deles era flor que se cheirasse, ou não fossem eles isso mesmo, políticos, mas havia uma característica que lhes era transversal. Eram líderes. E, mais importante que isso, sabiam sê-lo.
Ajudava à festa, um pequeno "detalhe" nada despiciendo, que convém aqui relembrar. Reagan. Homem que sabia exactamente o que queria e para onde ia.
Entre princípios da década de 80 e meados dos 90 a Europa mexeu. Bem ou mal, mas mexeu. E mexeu porque havia lideranças firmes.
Infelizmente isso não é algo que se aprenda nas escolas ou que se possa comprar à arroba na mercearia da esquina. São capacidades inatas. Ou se têm ou não se têm. Ponto final.
Os últimos 15 anos são bem a prova disso.
Se há algo que se pode assacar àquela geração, foi o não ter sabido/querido preparar gente para lhes suceder. Eram egos demasiado "espessos" para se preocuparem com essas minudências.
Temos então que o resultado é o que está à vista. Um ajuntamento de gentinha risível que conduz, com muito afinco, este velho continente para um buraco sem fundo. E do qual não me parece que vá sair tão cedo, a avaliar pelas alternativas disponíveis!!
Não se pode contar com a Europa. Até Obama - em toda a sua esplendorosa inexperiência - pressente isso. Daí o propor Lula para o Banco Mundial. Daí o discurso de ontem no Cairo.
Já nada do que é realmente importante vai passar pela Europa.
Nós assim o quisèmos.