quinta-feira, 9 de abril de 2015

Vou dormir.

Três semanas se tinham escoado na ampulheta quando, sem mais nem aquelas, sou vilmente arrancado a uma espécie de hibernação auto-imposta, por uma dessas ranhosas pragas que, a espaços demasiado frequentes para meu gosto, inundam Lisboa. No caso, tuk-tuks. Carregando a parola parasitagem estrangeira que os assalta.
"Rai's parta" na rua  que me tocou em sorte! Um dia destes atiro com o maldito do miradouro ao rio.
Com os cabelos em alvoroço e o olhar de carneiro mal morto, cambaleio até à cozinha. Trinco - com os poucos dentes que restam - uma torrada, de pão já quase medieval. Ázimo. Junto com o respectivo resmungo.
Ligo o apareho de televisão durante 20 minutos.
Ponto 1 - Um amontoado de plantígrados exercita a garganta, ali pela Baixa, à conta de dinheiro que, e a fazer-lhes fé, lhes foi arrancado contra a sua vontade. Resultado. Estão tesos. Bem feito. É o que acontece a quem é movido a cupidez. Só se deixa enganar por bancos quem quer. Além de que qualquer investimento pressupõe a assinatura de um contrato específico, por duas (ou mais) partes. Alguém o fez na ponta de uma pistola? Se sim, chegue-se à frente e prometo retirar o que escrevi. Mas fiquem a saber que, em caso algum, terei "pena".
Ponto 2 - Um puto qualquer acometido de coceira mental, resolveu esfaquear um filho com seis meses. Será condenado a 25 anos. Pena que não cumprirá, não só à conta de minudências jurídicas mas, e muito mais importante, porque dentro das próprias cadeias, os companheiros de desdita se encarregarão de o libertar de misérias. Boa viagem, pois.
Ponto 3 - Um qualquer grupo, mal intencionado por certo, resolveu aliviar uns peixeiros do Furadouro, do oirame que foram acumulando. Ainda bem. Deve ter sido o ministério das finanças que, cada vez mais, necessita de colaterais.
Ponto 4 - Juro que vi Marques Guedes de olhos revirados e mão escondida. Onanismo, por certo. Falava de qualquer coisa relacionada com juros negativos cobrados à dívida que vão, alegremente, acumulando.
Ainda bem que somos um caso de sucesso político.
Menos mal que existiu Hobbes. Ensinou-me a finitude.
Tudo isto à conta da merda dos tuk-tuks.
Um dia destes quem vai parar à cadeia sou eu. 
Vale-me Van Morrison e o seu último album. "Duets". Imperdível.