domingo, 12 de agosto de 2018

As aflições do dn.

Hoje o dn tem esta "tenebrosa" chamada de 1ª página. Como se o mundo fosse apenas a preto e branco
Dos chouriços que vão enchendo o corpo da artigalhada, bolçada por uma tal de Valentina Marcelino (democrata horrorizada, por certo), aproveita-se uma observação final de
Riccardo Marchi: "a multiplicação destas organizações no nosso país, nos últimos anos, são um sinal de fraqueza".
Como é óbvio. E então no portugal de há 44 anos para cá, é mero atavismo. Quem desembarcasse por cá em 1976, como foi o meu caso, levantava o nariz para experimentar o ar e quase morria asfixiado pelos miasmas que, já então, se iam acumulando. Deixando de lado toda a horda dita democrática que, já naquele então me interessava zero, olhemos a tal de "direita". Naquele ano perscrutei demoradamente esse horizonte partidário. Bati-lhes às portas, falei com responsáveis, ouvi-lhes as balelas e acabei essa intendência rigorosamente como a tinha começado.
Não consegui perceber o que queriam. Percebi sim, que cada um puxava a mula para o seu lado e não havia nada que, remotamente, se parecesse com um fio condutor minimamente esclarecedor. A juntar a alguns militares irritados que, como eu, tinham sido despojados de um País (em boa parte responsáveis por isso) e, no caso deles, das sinecuras que lhes estavam asseguradas por Marcello Caetano, começava a despontar de uma forma mais visível, aquilo a que chamo a primeira geração de merda. A rapaziada que então andava pelos 30's, os "baby boomers", e cujos nomes me dispenso de citar, por óbvios. A maior parte deles ainda anda por aí. Quiseram levar a máxima de Júlio César às últimas consequências. Dividiram todas as tolas simpatizantes da direita política sem que nenhum deles tenha conseguido reinar. Em lugar de se unirem todos debaixo de um só "chapéu" optaram pela divisão. E insistiram nela. Até hoje. Foi algo que pegou de estaca neste país. Tivessem-se unido à época, e talvez a história desta terra se escrevesse hoje de outra forma.
O destino assim não o quis. Daí o país (e a europa) que hoje temos. Sim porque, é bom que se tenha noção de que este fenómeno está longe ser exclusivamente português. A europa de merda que hoje existe é resultado da acção (ou inacção) daquela geração, e da minha. De direita e de esquerda. Vendemo-nos ao santo dinheiro. E o legado que deixamos está à vista de todos, na continuidade da multiplicação de movimentos que agora acha um "must" resolver as coisas à pancadaria.
E é com isto que o sis, a polícia judiciária e a jornalista do dn andam preocupados. Virem antes as vossas competências para a democracia parlamentar onde, aí sim, podem e devem ser postas em prática. E matéria não vos falta.
A direita só pode ser responsabilizada pela sua própria incompetência. Que, no caso português, ficou abundantemente demonstrada ao longo de 50 anos.
Tudo o resto é conversa para adormecer boi.
AE