sábado, 23 de maio de 2009

Le lointain à la portée de la main...

Village perchée - Pays de Forcalquier


Um dos meus retiros preferidos quando sinto necessidade absoluta de me "lavar por dentro".
Não quero revelar o nome da aldeia. Embora já quase o tenha feito aí em cima!
A 100 km de um dos sítios mais cosmopolitas do mundo. Simultâneamente a anos-luz desse mesmo horrível ponto no mapa.
O que faz dele o lugar exacto para fazer "reboot"...


Acordar às 7h da manhã, ir ao pão quente e aos croissants crocantes e leves , ao jornal, ao café, cruzar-me com gente que se está nas tintas para o facto de eu ser A ou B mas que tem sempre uma palavra simpática....mais que não seja, pela "novidade facial" que se passeia dans le coin...regressar a casa, preparar um pequeno-almoço como só naqueles momentos é possível fazer, instalar-me na mesa que jaz - com um ar provocador e convidativo! - no jardim fronteiro à casa e deixar-me levar não só pelas notícias que vão sendo desfolhadas diante dos meus olhos mas também, pela beleza do vale que, lânguidamente, me convoca ao regresso permanente.
É nesses momentos que mais sinto o privilégio de ter Amigos. Daqueles que vêm desde a infância. Daqueles que, por muito grandes que sejam as asneiras que vamos acumulando ao longo das nossas vidas, estão sempre lá....nem que seja só para insultar!
Não sentir o nariz entupido por ares irrespiráveis, as meninges embotadas por sound bytes políticos e não políticos. Nada. Dar por findo esse opíparo momento, pegar no livro de serviço e ocupar o hamac durante horas que, com naturalidade, vão sendo distribuídas entre a leitura e as visitas a Morfeu. Como é bom!
Como é bom aprendermos a lidar com o nosso próprio eu. Esconjurarmos os receios. Transformarmos cada momento numa imensa eternidade.
E, ao final do dia, degustar um rouge du pays que nos reconcilia definitivamente com a vida. Ou com as vidas.