domingo, 12 de julho de 2009

O baile dos néscios

Uma das coisas que o meu velho mestre Antunes Varela me ensinou foi que, no direito como na vida, as situações previnem-se, não se remedeiam.
Experimentei, em vários momentos da minha existência, o que significa "engolir" o verdadeiro fel, contido naquela realidade que, regra geral, tendemos a não observar!
E não é nada que se recomende, podem acreditar!
Vem isto a propósito do comportamento que Ferreira Leite tem vindo a "desenrolar" diante dos olhos de quem a apoia.
Para não irmos mais longe, basta referir o recente rasga/não rasga a que, afincadamente, se dedicou.
Torna-se quase penoso, ler o que por aí escrevem aqueles que tudo fazem para alcandorar a senhora a S.Bento. Os "engasganços" são, no mínimo, hilariantes. Ou então, remetem-se ao silêncio.
E o caso não é para menos. Eu, no lugar deles, sentir-me-ia na mesma. E convenientemente danado!
Em qualquer lugar do mundo civilizado, aquela diatribe seria suficiente para decretar o seu "suícidio político". E quando refiro mundo civilizado, estou a partir do princípio que os contendores em presença são seres - no mínimo - remotamente pensantes!
A sorte dela é que do outro lado está uma criatura exangue que, por muito que faça ou diga, já nada tem a acrescentar aos costumes!
A sorte é dela. O azar é do país.
O problema não é ela, nem Pinto de Sousa. O destino político de qualquer deles, bem como das respectivas "entourages", é-me rigorosamente indiferente. O meu "problema" é outro.
No meio de tanto disparate, que tipo de "país" vai sobrar? Se é que ainda se poderá vir a chamar de país, a este lugar.
E quem, no seu perfeito juízo, quererá deitar mão ao que sobra?
Nem preveniram nem vão conseguir remediar!
Sim, porque se continuarmos a rodar sobre o nosso próprio eixo, o que é que vemos? Paulo Portas e a sua horda de jovens turcos, a quem "fizeram o favor" de transformar numa espécie de charneira decisiva, malgré lui? O diácono Anacleto Louçã com todo o "rancho folclórico/fracturante" que o cerca? Jerónimo de Sousa e os "diktats" sobrantes da era soviética?
Onde mais, façam o favor de me dizer, se entregou de mão beijada uma "mancha" de 20% do eleitorado à esquerda e à extrema esquerda?
E, o que é espantoso, é que pouco fizeram por isso!
Também não era preciso.