domingo, 21 de fevereiro de 2010

"Acredito em qualquer coisa desde que seja inacreditável".*

Atribui-se a Groucho Marx uma brilhante observação sobre a natureza humana. " A mentira constante e consistente é o único caminho para a sobrevivência".

Será necessário recuar mais de 365 dias para constatarmos da justeza de tal afirmação?
Todos os que ora gerem este quintal, visam apenas um objectivo. Lutar pela sua própria sobrevivência. E, para isso, não hesitam em arrastar com eles, todo um país.
Mentem quando falam e mentem quando estão calados.

E o que é mais surpreendente é que isto lhes convém. Alimentar a constante degradação deste estado de coisas. Evitar a qualquer custo que nos concentremos no que é realmente importante. No que vem aí.
Lá bem no fundo é apenas uma questão de resiliência. E estes têm-na, não restem dúvidas sobre isso.
Foi aprovado um orçamento que, apenas suscita dó.
Andam às voltas com um PEC, de quem ninguém tem ouvido falar. Mas que vai ter de ser apresentado e brevemente. E que vai obrigar o desembarque de um gajo com cara feia, para repor esta falperra em cima dos "carris".
Eles sabem, como mais ninguém, que "armaram" um nó que não vão conseguir desatar. E quando digo todos, são mesmo todos, de há trinta anos a esta parte.

Com muita pena minha não somos a Irlanda, onde as pessoas, apesar de tudo, ainda levam estas coisas a sério. Aperte-se quem e o que tiver de ser apertado mas o assunto tem de ficar resolvido. 
E só é resolvido quando há tomates para mexer e muito, na despesa. Cortaram os salários da função pública entre 5 e 15%, em função dos escalões em que estão inseridos. "Penduraram" os processos de reforma que estavam em curso. Isto para não terem de cortar cerce nas pensões. Embora também tenham levado uns "ajustamentos".
Claro que houve murmúrios que perpassaram por toda a sociedade local. Mas é gente esclarecida e que compreende o óbvio. Fomos todos, durante anos, para o sol, de férias e não pagàmos! Chegou a hora de arrumar contas.

Por cá o que é que se vê? Os sindicatos da função pública a promoverem uma gritaria geral, no início de Março, porque se acham credores de um aumento.
Um governo que insiste em investir na vacuidade, no desnecessário. Apenas para não perturbar a boa disposição daqueles que os sustentam. Banqueiros e  empreiteiros. O que me parece manifestamente curto, em termos de interesse geral.
Não aumenta salários mas aumenta a massa salarial, porque não foi concomitantemente imposta a suspensão de promoções.
É o caminho mais directo para o descalabro final.

Um dia destes emitem papel para titular dívida e vão acabar com ele nos cofres.
E depois? Vão ficar à espera de um milagre, como (acho que) ouvi ontem de Silva Lopes?

* Oscar Wilde.