sábado, 3 de abril de 2010

A espaços, também sou humano!

Fui um privilegiado. Não posso negá-lo. Não quero negá-lo.
Casa de três andares, filho único quase até aos oito anos e duas salas na cave, só para mim.
Uma delas albergava uma mesa com 30m2, sobre a qual "repousava" uma das minhas paixões de infância. Um comboio da Märklin. Já não consigo precisar mas era uma boa dúzia de locomotivas, umas dezenas de vagões de mercadorias e outras tantas de carruagens de passageiros.
Túneis, passagens superiores, montanhas - com neve e tudo! - feitas com cortiça em bruto e gesso, quatro circuitos diferentes que permitiam a circulação simultânea de outros tantos comboios e seis transformadores, dois dos quais, apenas serviam para abrandar a velocidade das composições...
Uma boa vintena de controladores de agulhas completavam o "cockpit" de comando.
O gozo máximo era apagar a luz e disfrutar do espectáculo feérico proporcionado pelos candeeiros espalhados pelos percursos, pelo verde/vermelho da sinalização das agulhas, pela luz difusa que emanava das "montanhas"...e aquela que se adivinhava por dentro dos túneis. Não se via...mas estava lá!
Tudo isto sobre 1091m de carris, em três níveis.
Hoje apeteceu-me regressar à meninice.
Hoje, aqui e agora, tive saudades dos meus pais.