terça-feira, 29 de junho de 2010

A sina celta.

Com especial incidência nos finais do séc XIX e inicío do séc. passado, a Irlanda esvaziou-se para os Estados Unidos. Aí, à força de braços, se fizeram gente, durante 100 anos.
Os que foram ficando, morriam de fome. Por uma qualquer ironia do destino, até a própria terra se recusava a produzir aquele mínimo que lhes permitiria sobreviver!

A beleza é, por definição, egoísta. Não partilha nada. Está lá, apenas!

Na década de 80, enquanto Cavaco atapetava o país a betão, mandando contruir auto-estradas que partiam de lugar nenhum em direcção a nenhures, os irlandeses entram, directos, bem no meio de um conto fantástico. À boa maneira celta.
Regressaram as melhores "cabeças" e instalaram-se as grandes empresas norte americanas.

Venham, venham que a contrapartida exigida será quase simbólica!
Baixaram os impostos até ao limite do risivel. Ignoraram olímpicamente "pequenas noções" como a de...valor acrescentado!

Que importava tudo isso. O emprego aproximava-se do pleno. O consumo só parava no tecto. Algumas almas menos atreitas a festins desbragados (aqueles que têm o mau hábito de perguntar...what if?), foram carregando o sobrolho. Começaram aos gritos quando o governo resolveu mergulhar, de cabeça, para dentro do euro. O custo de vida disparou para níveis próximos da pornografia.
Mas nada disso impediu que os 90's, naquela lindíssima terra, fossem de hedonismo puro.
Como em tudo na vida, há um momento em que chega a hora da ressaca.

A Irlanda que, junto com a Europa, dificilmente sairá do atoleiro em que se meteu, está de regresso à diáspora!
Vai mirrar de novo. Permanecerá apenas a sua beleza. Ainda mais egoísta. Ainda mais dolorosamente verde! De um verde, que só ela tem.

Lembrei-me de Beckett: "That's how it is in this bitch of an earth".