quarta-feira, 26 de setembro de 2018

A memória, essa puta!

Tancos, Tancos, Tancos.
Nunca a simpática localidade imaginou voltar a ter tanto protagonismo, agora neste miserável portugalzinho. Porque quando ainda integrava um País que se chamava Portugal, já tinha sido colocada no mapa, por via de umas diatribes perpetradas pelo matusalémico Mortágua, pelo defuntado Palma Inácio, pela Isabel do Carmo e pelo Carlos Antunes, quando resolveram que uns quantos aviões deveriam ir pelos ares sem sair do chão. Mas isso, terá sido esquecido numa qualquer gaveta, de um qualquer "psychê" perdido nas catacumbas do ministério da defesa. A coisa a que chamam democracia, tudo branqueia. Até meras existências.
Regressa à ribalta, por via de uma aldrabada avulsa (mais uma), trazida a terreiro por um verdadeiro anacronismo erecuctado pelos entrefolhos do conselho da revolução, como não! A polícia judiciária militar. 
Como se já não bastasse um organismo tendencialmente incompetente, a PJ (que só sabe funcionar a partir de denúncias anónimas, tão ao gosto do tuga ranhoso, e de extorsão de confissões. Prevenção é um conceito que sempre lhes foi estranho), os militares ainda lhe juntaram outro. 
Mas havia coisas que já vinham de trás e que era mister protejer "à outrance", caso do Fundo de Defesa Militar do Ultramar, lançado por Marcello Caetano, com o objectivo de atirar com dinheiro para cima de intendências militares que, manifestamente, não sabia como resolver e cujo resultado foi o que se viu, no vinte e cinco barra quatro. De caminho foi deixando vítimas, quer directas, quer colaterais, respectivamente Amaro da Costa e Sá Carneiro. Por esta ordem. Recordo ainda uma outra diatribe que envolveu o entretanto extinto ADME (Assistência na Doença dos Militares do Exército), de onde foram desaparecendo, paulatinamente, centenas de milhares de euros, que se dirigiram, à velocidade da luz, aos fundos bolsos de uns quantos militares delinquentes que, pelo facto de envergarem um uniforme, se julgam saídos da coxa de Vénus. Esta foi mais uma brincadeira que passou pelas mãos da redundante polícia a quem foram entregues as denúncias escritas e as gravações com câmaras ocultas mas que, de quentes que eram, foram repassadas ao generalato de então que mandou arquivar, não sem antes despedir uma quantidade apreciável de patentes intermédias. E tudo isto se passa não há tanto tempo assim, talvez uma dúzia de anos. É pois de bom tom, não perder de vista estas memórias. 
Duas conclusões: 1) Não vale a pena perder muito tempo com esta historieta do desaparecimento/reaparecimento das armas. Nem se torna necessário agregar-lhe mais uma inutilidade funcional ao estilo de uma CPI. Basta com apurar qual seria o objectivo final e, 2) Tendo em vista o total colapso do edifício hierárquico militar, todos eles, do tarata ao comandante-chefe, passando pelo moço que está ministro e pelo indiano na diáspora, têm óbvias conclusões a retirar.
Se o não fizerem tornam-se todos, definitivamente, farinha do mesmo saco.