sábado, 15 de setembro de 2018

Lisboa, madrugada e tudo.

Hoje, na minha bonomia e boa disposição, partilho convosco 30% do que consigo ver, a partir do meu posto e na minha hora (há 15 anos) do mata-bicho (quero lá saber do que se vai passar no miradouro da senhora do monte). 
São 8h da manhã. 
Enquanto o café se transformava em vida, e a torrada chegava ao ponto, deixei escorregar o olhar pela cidade. Vejo, vagamente surpreendido, um arco-íris que cruzava o céu, saído do nada. Vê-se mal, mas está lá. Do alto à esquerda para o centro. Desculpem a falta de jeito. O equipamento é manhoso e eu mais ainda. Não choveu, não trovejou (que eu tivesse dado por isso), mas o facto é que estava lá. Deu-me para a mitologia e centrei a mioleira - ou o que dela, àquela matutina hora já funcionava (entretanto a torrada queimou) - na deusa Íris, tida como o arauto divino. 
Novas a caminho, cogitei com os meus botões. Embora não os tivesse. 
Ainda não abri qualquer jornal (entretanto já abri), pelo que não sei o que se passa. Nem sei se me interessa saber. Estou saturado dos mesmos nomes, balbuciando as mesmas banalidades administrativas, nos mesmos registos de voz. Nem isso alteram. Vai daí, lembrei-me de um tempo e um país que não devia nada a ninguém. Nem a si próprio.
Terei sonhado sobre uma longa conversa com alguém, através de uma linguagem incompreensível ao comum dos mortais?
Não sei. Sei apenas que alguma coisa terá ficado por dizer. 
Um dia destes vou voltar a sonhar.
E depois conto-vos.